terça-feira, 11 de agosto de 2009

Intolerância

Está na moda, hoje, dizer que tal ou qual grupo ou pessoa é intolerante. Em geral, grupos religiosos são as "vítimas preferenciais" desse adjetivo. Por exemplo, muçulmanos foram acusados de intolerância quando protestam porque charges debochadas sobre Maomé, seu profeta e fundador, foram publicadas em jornal europeu; católicos são chamados de intolerantes quando se pronunciam contra o aborto dos bebês anencéfalos ou as experiências com embriões (oum, para usar o eufemismo, células-tronco embrionárias) ou, ainda, quando seguem afirmando o celibato dos padres (que é um assunto interno da Igreja Católica, diga-se de passagem).
Mas não só os grupos religiosos sofrem desse tipo de acusação. Qualquer um, grupo ou pessoa, que ouse levantar-se para externar uma opinião diferente da suposta maioria ou, ainda, contrário ao que dizem certos cientistas, será imediatamente tachado de intolerante e constrangido a calar-se. Se teimar em continuar falando, sua voz será sufocada pelos gritos de seus "tolerantes" acusadores (ou por seus deboches, o que vem a dar na mesma).
Em uma sociedade democrática, qualquer pessoa ou grupo, minoria ou maioria, pode opinar sobre os temas de interesse comum. Ainda que a sociedade, democraticamente, rejeite a opinião desse grupo ou indivíduo, a este deve ser garantido o direito de argumentar a respeito de seu ponto de vista e de ser ouvido. O deboche ("mas isso é um argumento religioso") ou o argumento de autoridade ("isso é uma verdade científica" ou "isso está cientificamente provado") são totalitários e, portanto, anti-democráticos.
Onde está, então, a intolerância? Naqueles que pedem respeito a suas próprias posições e o direito de apresentar seus argumentos? Ou naqueles que impedem qualquer manifestação para fazer valer uma posição arbitrária?
Vivemos o tempo dos contrários, quando intolerantes são os que dizem não ser, mais que os rotulados de sê-lo.

Um comentário:

  1. Li há uns meses - na época em que o bispo de Olinda excomungou a equipe médica que fez o aborto da criança estuprada - que a única intolerância "aceita" pelos intelectuais é aquela que tem a Igreja (ou simplesmente a fé) como objeto. Essa intolerância é estimulada e quanto mais científica a nossa sociedade se torna, menos humana se parece.

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