quinta-feira, 21 de abril de 2011

"Eu bebo muito para não pensar..."

Em uma série de reportagens televisivas mostrou-se quanto os jovens estão abusando das bebidas alcoólicas em suas festas e saídas noturnas.
Um dos jovens entrevistados justificou o abuso do álcool com a frase que dá título a esta postagem. Outros jovens sequer tinham condições de serem entrevistados pelos repórteres, de tão bêbados. Vários foram mostrados em atendimento médico, em estado de coma alcoólico.
Muitos organizadores das festas e eventos com maior concentração de jovens já montam uma pequena estrutura de atendimento médico, preparada justamente para aqueles que costumam beber demais.
Os depoimentos dos pais desses jovens revelou, ao mesmo tempo, impotência e enorme preocupação.
O que a reportagem não revelou e parece que ninguém chega a dar-se conta são os motivos que levam pessoas com bem menos de 18 anos e com toda a vida pela frente a se comportar dessa maneira e a dizer coisas como a frase do título.
Se alguém bebe para não pensar, é porque não vê motivos para viver. E, embora não verbalizado, esse parece ser o grande motivo por trás de tamanha bebedeira. Alguém que se sente motivado em sua vida, que tem objetivos e valores claros, não bebe dessa forma e nem deseja "não pensar".
O que falta a esses jovens? Talvez devêssemos buscar a resposta a essa pergunta na desagregação familiar, na falta de amor e de autoridade dos pais, na ausência efetiva e afetiva desses pais na vida de seus filhos, na falta de disciplina cada vez mais incentivada, na cômoda compensação com bens materiais daquilo que é o mais importante (presença, cuidado, preocupação). Com os pais abrindo mão de seu papel de educadores dos filhos em favor de instituições (como a escola) que não tem esse dever educativo, cada vez mais ausentes de sua vida, o que se pode esperar além do que se viu nessas reportagens?
Jovens não são adultos com menos idade. Não estão prontos a enfrentar a vida, mas estão começando a ensaiar os passos nessa direção. Se desde a infância não forem cuidados, orientados, efetivamente amados, quando chegarem à juventude estarão ainda mais perdidos, nessa fase de tantos conflitos, e não saberão o que fazer. Então terão ao alcance de suas mãos, com facilidade, os substitutivos do vazio existencial de que estarão sofrendo: a bebida e as drogas.
Amar e mimar não são sinônimos. Dar tudo (o que é material) não é dar o mais importante. Dizer não é, muitas vezes, sinônimo de amar. Assim como também é sinal de amor, o impor limites aos jovens.
O jovem que dizia beber para não pensar implorava por limites, mesmo sem o saber ou expressar. E o pai, por trás das palavras de preocupação, confessava não saber (ou não querer) fazer isso.