quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Gênero? Humano

Quando abri minha conta no Facebook, o item que achei mais difícil de responder foi "gênero". Parecia-me muito inadequado dizer que sou do gênero feminino, quando passei a vida inteira dizendo que sou do sexo feminino. No entanto, tornou-se politicamente incorreto falar em sexo, porque, dizem, "cada um pode escolher o sexo que quer ter". Pode mesmo? Corro o risco de soar antiga e, alguns dirão, preconceituosa, mas sexo é algo com que se nasce, ainda que a pessoa possa, por diversos fatores que não tenho intenção de discutir neste texto, formar intencionalmente (ou não, diria Caetano Veloso) uma sexualidade divergente de seu sexo.

Em meu entendimento, se há algum gênero ao qual pertenço, este é o gênero humano. A respeito disso, consultei o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa e nele encontrei a definição das Ciências Biológicas para a palavra gênero: "categoria taxonômica que agrupa espécies relacionadas filogeneticamente, distinguíveis das outras por diferenças marcantes, e que é a principal divisão das famílias". No mesmo dicionário, encontrei ainda espécie ("categoria taxonômica abaixo do gênero, cujos indivíduos são morfologicamente semelhantes entre si e com seus progenitores e se entrecruzam gerando descendentes férteis") e família ("categoria que compreende um ou mais gêneros ou tribos com origem filogenética comum e distintos de outros gêneros ou tribos por características marcantes"). Conforme essas definições, todas oriundas das Ciências Biológicas, pertencem à espécie sapiens e ao gênero homo todos os homens (indivíduos do sexo masculino) e mulheres (indivíduos do sexo feminino) que habitam este planeta.

Também se pode falar em gênero quando se fala em filmes, peças teatrais, músicas... Neste caso, o gênero também serve para fazer uma classificação.

Mas se usarmos a palavra gênero para definir o que até há pouco entendíamos por sexo, não estaremos criando uma diferenciação biologicamente inexistente? Um tipo de segregação entre homens e mulheres, entre os que querem viver de acordo com o que são por natureza e os que não querem ou não podem fazê-lo (e, quem sabe, por isso querem adequar a sociedade à sua dificuldade de adequação)?

Seja como for, se eu tiver que responder a essa pergunta de novo, não preencherei ou colocarei simplesmente que pertenço ao gênero humano. E, se um dia voltarem a perguntar pelo sexo, então voltarei a colocar feminino. Porque, como eu disse antes, filmes têm gênero, não pessoas.

E, a respeito de filmes, posso indicar ótimos filmes de terror, suspense, romance, comédia, drama, guerra...

Um comentário:

  1. Dani, esse assunto dá muito pano para manga! Quando assisti a cadeira de Seminário III - Antropologia do Corpo e da Saúde, na UFRGS, minha orientadora dizia que o CONCEITO de "gênero" foi cunhado justamente para descolar a idéia biológica de sexo - genitália -e sexualidade. Isso proporcionaria a possibilidade de pensar situações até então consideradas anômalas. Sendo um conceito acadêmico, pode até servir para análise de determinadas situações, mas não dá para levar isso para o cotidiano e obrigar as pessoas a se pensarem dessa forma só porque favorece determinado caso ou determinada forma de pensar o mundo.

    E falando em filme, bem que tu podias dar umas dicas, a tua comadre aqui está bem poir fora do que tem de bom para ser visto.

    ResponderExcluir