Roman Polanski, judeu polonês, é mundialmente reconhecido como um grande cineasta (um filme recente do diretor, bastante pesado pela temática, mas belíssimo é "O Pianista", de 2002). Também é lembrado por um fato trágico que abalou sua vida pessoal: o assassinato de sua esposa, Sharon Tate, atriz, grávida de oito meses, em 1969, pelo grupo satânico liderado pelo psicopata Charles Manson.
Recentemente, porém, Polanski esteve na mídia por causa de um crime que cometeu em 1977: o abuso sexual de uma menina de 13 anos, nos Estados Unidos. O diretor encontrou com a menina na casa de um amigo, drogou-a e alcoolizou-a e manteve relações sexuais com ela. Por causa disso, foi processado criminalmente e condenado naquele país. Para fugir da prisão, desde essa época passou a residir na França, viajou pela Europa e pelo mundo, mas não retornou aos Estados Unidos. No final de 2009, ao passar pela Suíça para receber uma homenagem em um festival de cinema, foi colocado em prisão domiciliar enquanto aguardava a decisão desse país sobre sua possível extradição para os EUA. No entanto, no início deste mês (julho), as autoridades suíças decidiram libertá-lo.
Enquanto a polêmica se instaurava, boa parte das celebridades do mundo do cinema manifestou-se contrariamente à prisão e à extradição de Roman Polanski, apesar de sua condenação e do crime que manifestamente cometeu (ele chegou a confessar o abuso sexual ainda em 1977).
Paralelamente a isso, a Igreja Católica foi (e continua sendo) ferozmente atacada por causa dos abusos sexuais cometidos por padres pedófilos há 20 ou mais anos atrás. Claro está que não é a maioria dos padres e que muitos desses abusos denunciados foram multiplicados pela imprensa, desejosa de criar mais uma polêmica envolvendo os sacerdotes católicos e a Igreja.
Mas há uma certa incoerência nisso tudo...
Não se trata de apoiar a pedofilia, que é um crime terrível e deve ser combatido, não importando quem sejam os autores, porque é preciso, antes de tudo, proteger, defender e preservar as crianças e sua integridade física, mental e moral. Sejam sacerdotes ou diretores de cinema, professores ou atores, enfim, qualquer um que abuse sexualmente de uma criança ou de um adolescente deve ser punido.
Por que, no entanto, Roman Polanski não é tratado pela imprensa em geral e por seus colegas com a mesma rigidez? Por que pedir a libertação de Polanski ao mesmo tempo em que se pede a prisão para os padres católicos? Não se trata do mesmo crime? Em um caso e noutros, não se passaram igualmente muitos anos? O que torna diferente um abuso de outro?
É lamentável que a Suíça tenha decidido libertar o diretor de sua prisão domiciliar e não extraditá-lo para os Estados Unidos, onde pagaria pelo crime que cometeu no passado. E mais lamentável ainda é que a comunidade internacional tenha aplaudido, quando deveria, no mínimo, ter ficado indignada.
Para maiores informações sobre a biografia e a filmografia de Roman Polanski, sugiro consultar a Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Roman_Polanski).
Sobre o processo e a liberação de Roman Polanski, entre outros sites de notícias, acessem o G1 (http://bit.ly/9PvayX).
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